terça-feira, 25 de novembro de 2014

Lambendo




Da pele que amamos lambemos as gotas de suor largadas no auge da loucura, as lágrimas dissolvidas nos entretanto da paixão e da tristeza, os resquícios de prazer esvaídos do corpo quente e torpe.

Da pele que amamos sorvemos o desejo transmutado em gestos de perene sugestão, o arrepio deixado pela língua ávida e exploradora, os poros umedecidos pelo calor imune do tesão. Da pele que amamos retiramos o suco que sacia a sede, que alimenta o corpo e rejuvenesce a alma.

Da pele que amamos esprememos o abraço entrelaçado dos corpos que se incendeiam, se unem e afastam a solidão que sozinhos teimamos em sentir.


Da pele que amamos provamos o prazer, em estado puro, em estado líquido, vaporizando em gotículas de vontade e inalando o veneno que qual cicuta nos entorpece e faz morrer, vezes e vezes sem conta, até à exaustão, até ao derradeiro orgasmo, até ao derradeiro afogamento. 



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