sábado, 29 de novembro de 2014

A Ovelha em Pele de Lobo


Eu sou uma dama. Sempre me comporto de uma maneira condizente a uma dama. E sou recompensada pelos meus esforços, como o são todas as damas, com o respeito de homens e mulheres meus semelhantes. Isso pode parecer uma recompensa pequena pelas dificuldades que se enfrenta ao se deparar com as expectativas depositadas nas damas, e, sinceramente, com o passar dos anos, encontro-me mais e mais consciente das limitações que me cercam e a deficiência resultante de novas oportunidades que me são apresentadas. Mas quais são as minhas alternativas? Isso não significa que me arrependo das decisões que tomei. De todos os estilos de vida possíveis que eu poderia ter escolhido como mulher, esse foi, sem dúvida, o mais tolerável para mim.

Ocorre apenas que não posso evitar pensar porque só com as mulheres as fronteiras entre as limitadas escolhas são tão distintas. Você já percebeu, por exemplo, como as mulheres de instinto maternal forte tendem a perder outros aspectos de sua personalidade ao ter uma criança? Dentro dela, ou fora, não sei exatamente como, qualquer engajamento em atividades não maternais parecem ser vistos por ela como uma ameaça ao seu direito de ser mãe.

Ela abre mão de oportunidades profissionais e nega sua sexualidade, se vestindo como uma cafona, ou até usando algo para combinar com a roupa da criança. As oportunidades sexuais ou profissionais afinal diminuem, e ela se torna um ser unidimensional e insosso para qualquer um que não queira falar sobre fraldas. Depois, é claro, há a mulher que escolhe o estilo de vida profissional. Seus colegas não são tão tolerantes quanto os de sua mãe.


 Ela está em território perigoso e não pode se sujeitar aos menos sofisticados, ou às suas tendências naturais, para não ser rotulada como "não profissional", e perder tudo aquilo pelo que trabalhou tão duro. Ela tem de ser muito cuidadosa com a forma como se apresenta e se comporta. Se tiver filhos, aparenta estar sempre cheia de culpa, pois para continuar bem sucedida em sua carreira é necessário superar esses instintos maternais que podem ser considerados fracos e não profissionais por suas contemporâneas.


Certamente, de longe, o pior destino para ela é o daquela mulher que escolhe a sexualidade como ponto predominante em sua vida -geralmente uma escolha que é descoberta no caminho de menos resistência, ou nem sequer é uma escolha, apenas uma opção. Embora essa mulher pareça ser admirada pelos homens, ela é um tanto solitária, pois eles somente a usam. Ela se exibe com roupas curtíssimas, mostrando o único quilate que acredita possuir, e sua única chance para encontrar amor e segurança. Permite-se ser explorada, apenas para acabar sem nada, por alienar outras mulheres e desobrigar os homens de toda a sua contabilidade. Algumas vezes chega a perder o direito da parte maternal dela mesma, se for ingênua o bastante para tentar furar as fronteiras desses dois estilos de vida e alguém decide chamá-la.

Os homens, é claro, não têm tais fronteiras. No entanto, parecem ser os mais decididos a manter intactas as fronteiras femininas. Não sei por que é assim, já que isso decididamente torna as coisas quase tão desagradáveis para eles quanto para elas. Mas parece que essas fronteiras produzem uma pequena medida de segurança para os homens. Elas ajudam a definir as mulheres em suas vidas. Não se trata de um plano infalível, é claro, mas funciona bem o suficiente e, imagino, segundo sua estimativa, vale o preço.


Conforme já afirmei, nunca lamentei a escolha que fiz, e sim o fato de ter de fazer uma escolha, para começar. E, apesar de ser feliz como uma mulher dentro de suas fronteiras pode ser, às vezes fico pensando em como teria sido escapar para outra realidade.


Mas como eu poderia fugir, mesmo que rapidamente, sem arriscar tudo?

Já refleti muito sobre isso, principalmente nos últimos anos, e passei a perceber que só há uma resposta. Eu teria de temporariamente me tornar outra pessoa. Mas quem?

Essa é uma pergunta significativa, porque, se eu fosse realmente conduzir a experiência,
certamente ia querer tirar o máximo de prazer dela. Para mim, havia somente uma pessoa que podia ajudar a realizar o meu objetivo.

Numa noite, abordei meu marido com a questão... não diretamente, é claro. Isso certamente teria sido tolice. Eu não queria assustá-lo ou aliená-lo. Mas precisava de sua participação, mesmo que involuntária, assim como o benefício de sua experiência. A ironia da situação não passou despercebida, e admito que fiquei um tanto descontente por isso, mas não era a hora de me ressentir de meu marido, simplesmente pelo fato de ser um homem, tinha direito de ter tais experiências à sua disposição e eu não.

Geralmente tenho muito pouca dificuldade em obter o que quero de meu marido. Ele é bondoso e gentil no que diz respeito a maridos, e, com o passar dos anos, desenvolvi uma abordagem razoavelmente metódica para lidar com ele. Confesso que é um caminho mais longo para lidar com alguma coisa, e talvez um pouco infantil também, mas funciona tão bem que acho estar de bom tamanho para quem tem de procurar um método melhor. Vou divulgar minha estratégia aqui, caso você tenha uma mente na qual testar. Sempre que quero algo de meu marido, primeiro questiono o seu amor por mim. Isso já dá o tom desejado, pois o coloca numa posição de fazer uma declaração a qual, em alguns minutos, lhe darei a chance de provar. Com um começo em vantagem, parece improvável que se possa falhar. Além disso, eu adoro ouvi-lo dizer isso. Depois, deixo meu marido ciente de que quero algo dele, mas sempre pergunto se ele fará, antes de dizer o que é! Ele geralmente responde afirmativamente, mesmoque haja uma pequena pausa antes de fazê-lo, e, às vezes, uma pequena condição, como "se eu puder" ou algo assim. Mas eu não presto muita atenção a isso. O mais importante é que, como a maioria dos maridos, ele está disposto a me agradar, se puder. É sempre melhor para meu marido me agradar quando ele se imagina um benfeitor maravilhoso por fazê-lo. Que diferença faz se às vezes me acho merecedora desses pequenos "mimos" sem ter de apelar para o ego de meu marido? Esses não são pensamentos que valem a pena ser cultivados, pois são obstáculos entre uma mulher e o que ela quer. São meras noções românticas que, se permitidas, irão interferir nos objetivos da dama. E, além disso, não têm nada a ver com amor, pois, quaisquer que sejam as suas faltas, sei que meu marido me ama. Mas nesse caso em particular eu ainda estava inquieta quanto a dizer ao meu marido o que eu queria. Sabia que seria, em princípio, desgostoso para ele. Então, adiei um pouco mais, alertando que seria difícil, mas ressaltando e enfatizando sua importância para mim. Minha súplica foi tão cheia de emoção que até senti as lágrimas nos olhos, e cheguei a ficar imbuída a parar por um instante para me recompor, antes que eu pudesse prosseguir. Com imensa preocupação, meu marido pegou minhas mãos e me garantiu, fervorosamente, que realmente faria tudo que estivesse a seu alcance para realizar

o meu desejo. De posse de seu compromisso, continuei.

-O meu desejo, querido marido, é saber os detalhes íntimos da experiência sexual mais excitante que você já vivenciou.

Vi a preocupação se transformar em choque. Depois ele riu. Imagino que seja algo tolo para que eu tenha feito tanto alvoroço, mas você tem de levar em conta que, como uma dama apropriada, muito pouco era esperado de mim no quarto. De fato, ali, muito pouco acontecia.

Eu temia que ele não fosse me levar a sério. Seu riso lentamente foi se apagando, e ele me deu um sorriso paternal. Assim como eu temia, ele estava prestes a me aplacar com uma de nossas experiências insípidas. Coloquei a mão sobre seus lábios.

-Antes de atender meu pedido, ouça-me - roguei. -Sei que me ama e sei que me respeita. Por
conta dessas duas coisas (coisas que valorizo profundamente), creio que preciso ser eliminada da compilação de lembranças das quais você irá escolher. Não estou à procura de uma história de romance, ou amor. Só quero ouvir sobre o seu encontro sexual mais memorável, incomum e excitante com uma mulher; não importa o quanto seja chocante, aterrorizante ou constrangedor. Tudo que peço é que você escolha a melhor passagem de que possa se lembrar e não omita nada para poupar meus sentimentos.

Pensei saber o significado de cada expressão por trás das belas feições de meu marido, mas jamais vira aquela fisionomia em seu rosto. Ele abriu a boca para falar, depois a fechou.
Ali, percebi que ele, de fato, possuía tal lembrança. Estava em sua mente naquele exato
momento! Lágrimas verdadeiras inundaram meus olhos dessa vez, e busquei suas mãos
desesperadamente.

-Sei que é um pedido estranho, mas realmente quero saber a respeito - disse a ele.

Na verdade, a única esperança que eu tinha de saber sobre essas questões seria recorrer a um estranho total, e eu ainda não estava totalmente insatisfeita com a minha situação!

Meu marido acabou cedendo, é claro, mas juro que foi mais difícil do que a vez em que eu
queria aquela pulseira de diamantes terrivelmente cara! Ele ficou verdadeiramente desconfortável quando finalmente começou a me contar. Foi uma experiência que ele tivera em sua juventude, muitos anos atrás. Enquanto descrevia o caso relutantemente, não havia dúvidas de que ele estava dizendo a verdade, pela expressão no seu rosto junto com o ligeiro tremor em sua voz, que convenciam inteiramente quanto à autenticidade do que ele dizia. E, por sorte, o incidente não me causou repulsa. Era algo que eu nunca havia tentado antes,
algo em que eu imaginava que meu marido não estivesse interessado, mas não é algo que um homem costuma se sentir a vontade para sugerir a uma dama como eu. Estranho que a simples idéia sobre isso me causasse arrepios de excitação! Sim, esse havia sido um caminho sábio a tomar. Agora eu sabia de quem eram os sapatos que eu pediria emprestado para fugir de minha realidade e experimentar as delícias de uma existência vastamente diferente.

Fiz muitas perguntas ao meu marido. Depois de um tempo, principalmente depois de ver que
não estava magoado nem aborrecido, ele ficou mais à vontade. Respondeu todas as minhas perguntas de forma até bem satisfatória. Contou-me tudo que sabia sobre a mulher, embora fosse muito pouco, já que a vira apenas aquela vez. Mas que tristes limitações pode haver para tais mulheres! Quase fiquei com inveja dela, exceto que, mesmo dando ao meu marido um prazer tão inesquecível, ela não foi capaz de fazê-lo se interessar em conhecê-la melhor.

Meu marido não sabia nada a respeito das minhas razões ou do meu pedido bizarro e, intencionalmente, as mantive em segredo. Queria que tudo fosse uma surpresa maravilhosa.
Preparei-me durante dias. E mesmo quando estava tudo providenciado nos mínimos detalhes, eu adiava, pois confesso que estava excessivamente nervosa.

E chegou o dia em que eu estava pronta. Aconteceu quase acidentalmente, na verdade. Por
curiosidade, coloquei uma peruca loura que havia comprado para essa ocasião e me olhei. Meu coração disparou instantaneamente e eu sentia as borboletas voando em meu estômago! Sim, eu certamente estava pronta.

Lentamente coloquei a nova maquiagem que havia comprado. Primeiro, passei o lápis preto nos olhos, para fazê-los parecer bem maiores do que são. Depois veio o batom. Já fazia pelo menos dez anos que eu não usava batom, mas tinha certeza de que nunca havia usado aquele tom particular de vermelho. Eu não conseguia parar de rir ao passá-lo nos lábios. Eu me sentia um pouco como uma criança se vestindo com as roupas de outra pessoa.

Depois vieram as meias. É difícil acreditar que as mulheres tivessem de se contentar com elas antes da meia-calça. Mas que sensação maravilhosa usá-las sem calcinhas! Ficar exposta ao ar dessa forma. Legal.

Outra vez não pude conter um risinho. Torcia para que não fosse fazer papel de boba e
ficar rindo durante todo o evento. Um drinque teria ajudado, mas estava decidida a esperar até o último minuto para tomar apenas um. Afinal, não quena ficar alegrinha. Queria que todos os meus sentidos estivessem totalmente aguçados para que eu pudesse sentir cada sensação.

Após colocar a peruca, a maquiagem e as meias, terminei. Sentia-me como se uma parte de mim estivesse faltando, pois eu não era do tipo que se sentia à vontade sem roupa, mas não tinha como voltar atrás agora.

Tendo decidido essa parte, fiquei de olhos arregalados diante do espelho. A mulher que me
olhava de volta parecia estranhamente vulnerável. Ela era bonita, com aquela beleza chamativa que pertence às mulheres que humildemente se apresentam em bandejas forradas de lese ou seda, vestidas da melhor forma que podem, na esperança de que isso lhes traga amor, fama, dinheiro ou felicidade. E pensei comigo mesma: Nossa, qualquer mulher pode fazer isso, é tão fácil quanto comprar uma fantasia! Meus lábios em vermelho vivo sorriram para mim. Subitamente lembrei-me de uma última coisa. Procurei no meio da maquiagem até encontrar um lápis marrom. Então, cuidadosamente, fiz uma pinta sobre o lábio. Pronto. Perfeito! Permiti-me mais uma risadinha nervosa.

Como sempre, meu marido veio para casa na hora. Escondi-me nas sombras de nossa sala de jantar até achar que era o momento certo. Meu coração disparava no peito, ridiculamente. Seria do meu velho marido de quem eu estava me escondendo? Ele entrou pela porta da frente, como sempre, chamando meu nome. Mas dessa vez não respondi. Eu queria que cada pequeno detalhe dessa noite fosse diferente, memorável.

Ele chamou meu nome pela segunda vez. Eu o ouvi subir as escadas, um degrau de cada vez.
Houve um som remexido lá em cima quando ele chamou meu nome pela terceira vez. Meu coração batia dolorosamente. Estava quase com medo. Era uma sensação semelhante à que eu sentia quando brincava de pique esconde quando criança.

Escutei seus passos na escada, dessa vez, descendo. Agora havia um tom de preocupação em sua voz quando ele entrou na cozinha e de novo chamou meu nome. Finalmente saí silenciosamente da sala de jantar. Fiquei imperceptível, junto à parede da sala ampla.

Em alguns minutos ele entrou na sala de estar e parou, esticando a cabeça. Fiquei totalmente
imóvel enquanto o olhava. Depois de um instante ele sentiu a minha presença. Virou a cabeça
precisamente para onde eu estava, junto à parede. O choque estampou seu rosto. Em princípio ele nem pareceu me reconhecer.


Eu não ri, nem sequer dei um sorriso. Uma nova sensação se apossava de mim, detendo os meus risos. Eu mal podia respirar quando meu marido ficou me olhando, em pé. Mas sua confusão finalmente se desfez e em nossos olhos surgiu o reconhecimento. Ele me conhecia. E eu o conhecia. Ele percebeu o que eu queria que ele fizesse e eu, é claro, tinha o meu roteiro decorado.

Ele não disse uma palavra, mas caminhou na minha direção lentamente. Seus olhos me
percorreram, sem perder nada. Um sorriso começou a se formar em seus lábios, mas desapareceu na mesma velocidade. Enquanto olhávamos nos olhos um do outro, ele subitamente ficou muito sério.

-Você tem certeza de que quer fazer isso? perguntou ele, suavemente.

Aquilo quase me levou às lágrimas, mas eu logo as contive. Seu amor e dedicação eram a minha razão de viver, mas essa noite queria outra coisa dele. Voltaríamos a isso mais tarde. Resisti ao ímpeto de correr para os seus braços e dizer o quanto o amava. Em vez disso, ergui meu queixo e assumi uma postura indiferente.

- Isso é com você - respondi, prendendo o seu olhar, e acrescentando, espertamente  -E depende de quanto dinheiro você tem. - Não parecia ser a minha voz falando.

- Eu tenho bastante dinheiro - ele disse, entrando na brincadeira. -E eu soube que você é a mulher que vai me dar o que quero.

-Porque você não me diz o quer e eu lhe direi se posso ou não ajudá-lo - eu disse, no mesmo tom.

-Você sabe o que quero -respondeu, simplesmente. -É o que todo homem quer quando vem até você. Dizem que é a sua especialidade.

- Sim - confessei, ligeiramente trêmula. -Acho que sei o que você quer.
- Então não percamos mais tempo - disse ele, tirando as roupas.

Eu parei por um instante, vendo-o se despir. Eu podia ver a evidência de sua instigação em suas calças. Nem podia me lembrar a última vez que vi naquilo. Enquanto o olhava, me esforçava para respirar, e meu coração estava acelerado. Ele finalmente ficou nu na minha frente. Ele estava totalmente excitado.

- Onde você me quer? - perguntei, indo direto ao ponto. Afinal, era para isso que estávamos ali.

Ele olhou ao redor de nossa sala de estar como se a estivesse vendo pela primeira vez.
Finalmente apontou para um antigo sofá pequeno, quadrado, do tipo usado para pousar os pés.

-Debruce ali.

Fui passeando até ele, concordando com sua direção. Ao passar por ele dei-lhe um pequeno tubo de lubrificante.

-Para o que quer, vai precisar disso - eu disse, tentando desesperadamente parecer casual. Eu não queria fugir muito ao roteiro original, mas sabia que ia precisar de algo para abrandar o desconforto que tinha certeza que iria sentir em minha primeira vez.

Debrucei-me sobre o sofá como ele pedira e imaginei o que a outra mulher teria feito, com base na informação que meu marido havia me dado. Na verdade, eu havia treinado a posição inúmeras vezes quando estava sozinha, tentando em vários lugares ao redor da sala e, a cada vez, fiquei tremendo de ansiedade para me soltar. Enquanto isso, meu marido se preparava com o lubrificante que eu lhe dera. Eu esperei, divertindo-me com as estranhas sensações que acompanhavam a minha exposição total. Eu me perguntava o que aquela outra mulher havia sentido naquela noite memorável, tanto tempo atrás. Quanto a mim, jamais estivera tão estranhamente excitada antes.

Subitamente, senti meu marido perto de mim. Ele me empurrou levemente à frente, me
manobrando de modo, eu sabia, a ficar exatamente na posição que ele vivera. Quanto me acomodei como ele queria, minha cabeça e antebraços estavam pousados no chão e meus joelhos estavam no sofá, bem abertos. Nessa posição meus quadris eram forçados incrivelmente para o alto, e totalmente escancarados.

O terror e a excitação maníaca me deixaram meio zonza, dando a impressão de sonho em
relação àqueles primeiros momentos. Mas quando eu senti as mãos dele agarrando os meus quadris, pronto para o que estava por vir, logo fiquei alerta sobre tudo ao meu redor. Parecia que todos os meus sentidos haviam sido aguçados, então, cada detalhe parecia magnífico e distinto.

Prendi a respiração ao sentir a rigidez de meu marido pressionando contra mim. Meus quadris logo se contraíram, querendo fechar e se mover à frente para fugir dele. Mas tanto a minha posição quanto a forma como ele me segurava não deixavam que eu escapasse, portanto fui obrigada a permanecer imóvel enquanto ele se forçava dentro de mim. Apesar de minha boa intenção, gritei.

Meu marido logo parou. Ele não recuou, mas se segurou perfeitamente imóvel onde estava.
Havia lágrimas de decepção nos meus olhos. Não esperava aquela primeira dor pontiaguda.
Mas no momento seguinte, a pontada começou a diminuir. Mesmo assim, ainda estava
terrivelmente desconfortável. Sem aguentar a dor e o desconforto, eu ainda estava
impressionantemente excitada. E estava bem longe de abrir mão da experiência.

Não posso parar agora, eu pensei. Vim muito longe. Além disso, se ela pôde, eu também posso!

Com determinação renovada, arqueei minhas costas, empurrando meus quadris para cima e me abrindo mais para meu marido. Ele gemeu quando fiz isso, e seus dedos apertaram meu corpo. Ele avançou bem devagar, cuidadosamente penetrando e, por seu rugir, eu podia ver que ele estava usando cada milímetro do controle que possuía para ir devagar. Mesmo assim, tive de morder o lábio para evitar gritar novamente, mas ele finalmente estava todo dentro de mim. A combinação do choque, excitação e incômodo, algo que eu jamais sentira antes. Ao me acostumar com o incômodo, quase senti decepção, de tão excepcional que aquele aspecto da intimidade havia sido para mim.


Ele recuou gradativamente, depois voltou a se mover à frente, lentamente. Estava sendo muito
cuidadoso e gentil porque era eu. Mas eu não queria ser eu nessa noite. Queria ser ela. Se eu realmente ia sentir o que ela sentiu, toda essa ternura teria de desaparecer.

- Você está gostando? - perguntei ao meu marido, enquanto ele prosseguia saindo de mim
lentamente.
-Sim - ele gemeu.
- Você gosta do meu tanto quanto gostou do dela? - pressionei.
- Mais!

Eu agora estava me acostumando a ele. Ainda era terrivelmente difícil mas, estranhamente, isso acrescentava à empolgação. Comecei a mover meus quadris, apertando e afrouxando, conforme eu me lembrava da descrição que ele havia feito dela.

-Era assim que ela se movia? - perguntei, enquanto os meus quadris estranhamente aprendiam o ritmo.
-Sim!
- Ela gostava com força e rápido, não era? - continuei, lembrando do que ele havia me contado.
- Sim, ela gostava com força e rápido - ele repetiu numa voz baixa, quase imperceptível.
- Faça assim comigo também! - ordenei. - Quero com força e rápido!
- Meu bem - ele gemia não quero machucá-la. -Mas depois ele aumentou o ritmo. 
-Você não se importou se a estava machucando -argumentei. Eu mexia os quadris mais rápido.
- Ela era diferente - disse ele, mal sabendo o que estava falando.
- Faça de conta que sou ela - eu disse. E comecei a dizer coisas que ela havia dito para ele,
exatamente da forma como me lembrava que ele contara.
-Mais forte! - gritei, sacudindo furiosamente os quadris, massageando-lhe comigo.
- Sim, assim é melhor agora você está recebendo o valor do seu dinheiro.

Eu estava num ponto além da preocupação com a minha aparência ou com meus atos. Era como se eu realmente fosse a outra mulher, trabalhando com o maior afinco possível para satisfazer um total estranho por dinheiro. E meu marido estava tão perdido quanto eu. Ele se lançava contra mim com uma violência que eu jamais imaginei que possuísse. Sem acanhamentos, coloquei a mão no meio das minhas pernas e me acariciei.

- O que é que eu sou? - perguntei a ele, subitamente, precisando ouvir as palavras.
- O quê? - ele estava quase alheio ao que o cercava.
- Diga-me o que sou -pedi.
- Você é minha esposa, meu bem... minha esposa adorável - ele estava ficando incoerente.
-Não! - eu me esfregava com maior vigor. Não conseguia me conter. -Diga que sou o que ela era sussurrei.

Ele gemeu.

-Agora... por favor -implorei, ainda apertando e afrouxando em volta dele, enquanto ele entrava e saía de mim.


Ele arquejava ruidosamente. Ocorreu-me que, mesmo com tão pouca prática, eu já
estava tão boa, ou melhor, do que ela fora nisso.

- Puta - ele disse, baixinho.

E assim ele soltou um berro se forçando para dentro de mim, até o fundo. Eu o senti tremendo lá dentro.
- Oh, você é uma putinha tão gostosa!

Fechei os olhos e tremi, enquanto uma onda de prazer vinha após a outra. E naquela fração de segundo, senti um profundo abandono e prazer excepcional, de ser uma puta imoral, mas sem o remorso ou a solidão que ela  provavelmente deva ter sentido depois.

Mais tarde, meu marido se agarrou a mim até enquanto dormia, e eu - agitada demais para
descansar, relembrava os acontecimentos da noite nos mínimos detalhes. Se eu não tivesse sentido aquela suavidade reveladora por trás, jamais acreditaria que fizera aquilo. Quanto ao meu marido, nunca o vira tão chocado. Mas essa não foi sua única reação, Depois, quando me pegou nos braços, ele tremia tão violentamente quanto eu.

Um sorriso de triunfo se abriu nos meus lábios, enquanto me aninhava ao corpo quente de meu marido. Seus braços instintivamente me enlaçaram. Eu havia sido capaz de atravessar as fronteiras que por tanto tempo definiram a minha existência, e com resultados muito prazerosos. Na verdade, pode se dizer que foi um sucesso total. Eu não havia apenas descoberto um novo prazer, mas, no processo, consegui colher para mim mesma um grande benefício do passado de meu marido. Não havia dúvida em minha mente de que essa nova lembrança que meu marido e eu acabáramos de criar juntos substitui, para sempre na mente dele; a lembrança de tanto tempo atrás. E, na verdade, não é que foi inacreditavelmente fácil? De fato, aquelas mulheres não são nada melhores que nós! Qualquer dama pode fazer o que elas fazem. É só uma questão de mudar de aparência, assim como no provérbio se fala do lobo em pele de cordeiro, suponho que,nesse caso,você possa dizer que é o cordeiro que está na pele do lobo!

Eu certamente assumirei esse fascinante papel novamente. Mas preciso me lembrar de ir com cuidado... se não, posso perder o meu caminho de volta!

Lore Zingiretako

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